José Luongo da Silveira
“... e se achar que falo escuro não mo tache, porque o tempo anda carregado; acenda uma candeia no entendimento”. (Osvald de Andrade, in: Memórias Sentimentais de João Miramar).
A palavra se fez presença
no diagrama das formas
e deu origem a todas as coisas.
Iluminou o caos primeiro,
onde antes havia trevas e escuridão
e o tempo dividiu os instantes,
nasceu o ritmo e massas em movimento.
Rompeu o véu-de-idéias
e povoaram-se as esferas,
chegou a vida e a consciência,
a sombra e a luz,
o bem e o mal:
a ciência dos opostos.
Até hoje, desde a reza das aldeias,
uma coisa só existe se ela é dita,
se atravessa o velo do mistério
que toma o nosso entendimento
e aguarda por uma manifestação.
As palavras nunca voltam vazias,
mesmo quando expressam coisas vãs,
elas vêm carregadas de um sentimento
que ultrapassa a nossa compreensão.
Nenhuma palavra se perde,
da doçura dos amantes
ao murmúrio dos crentes
e é na voz de cada criança
que se renova o sentido da vida.
Fico me perguntando,
para onde irão as palavras não ditas,
os sentimentos reprimidos,
por acaso, se amontoam no inconsciente coletivo
e vão moldar as lembranças que compartilhamos?
Os sons da terra estão presentes
na palavra que se disfarça de muitas formas:
no murmúrio das águas em movimento,
no balouçar das folhas ao soprar do vento,
no canto da gaivota que desata o vôo e foge,
nos lobos uivando para a lua à distância
e na onda que se quebra na praia deserta.
Dizem que outrora todas as palavras
foram divididas entre Deus e o diabo:
vêm das profundezas as que atiçam a cólera,
açoitando a esperança do coração dos homens
e as demais, que dançam ao ritmo dos nossos desejos
mais legítimos, nasceram por certo da divina mão.
Que a língua do insensato, mais terrível que a espada,
não profira palavras que condenam,
fazem adoecer e produzem a morte
e que só os lábios da mulher amada desperte com devoção,
toda a força que se esconde no bramir do mar.
na palavra que se disfarça de muitas formas:
no murmúrio das águas em movimento,
no balouçar das folhas ao soprar do vento,
no canto da gaivota que desata o vôo e foge,
nos lobos uivando para a lua à distância
e na onda que se quebra na praia deserta.
Dizem que outrora todas as palavras
foram divididas entre Deus e o diabo:
vêm das profundezas as que atiçam a cólera,
açoitando a esperança do coração dos homens
e as demais, que dançam ao ritmo dos nossos desejos
mais legítimos, nasceram por certo da divina mão.
Que a língua do insensato, mais terrível que a espada,
não profira palavras que condenam,
fazem adoecer e produzem a morte
e que só os lábios da mulher amada desperte com devoção,
toda a força que se esconde no bramir do mar.
Belos poemas professor. Pois não é que fui seu aluno no XV de Novembro, nos ídos de 1992, lá no século passado? Que prazer encontrá-lo neste "mundo pequeno" da Internet. Quis também o destino que eu viesse a estudar Filosofia. Dê um passeio no meu blog
ResponderExcluirivonirleher.blogspot.com
Fraterno abraço, do seu aluno Ivonir.
Obrigado, meu amigo. Saudade daqueles tempos ...
ExcluirNossa!
ResponderExcluirHoje consegui captar a essência desse poema!
Já fazia luas que o lia, mas hoje, hoje o senti em minha alma!
Nossa!
Só isso posso dizer, para exprimir-me por uma interjeição, e repito: nossa!
Grande abraço, do teu amigo!
Rodrigo.
Rodrigo, almas nobres, como a tua, são receptívas ao belo ...
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